Incentivos Fiscais à Pesquisa e Desenvolvimento: uma avaliação da experiência recente do setor de petróleo e gás no caso brasileiro
Abstract
A intensificação dos esforços inovativos do se
tor produtivo é um aspecto que vem assumindo
crescente importância na agenda das políticas públicas do Governo Brasileiro, particularmente
no âmbito das orientações gerais da política i
ndustrial. Diminuir uma histórica distância que
separa os mais diversos setores econômicos
nacionais da vanguarda científica e tecnológica
mundial tem sido uma motivação freqüente no di
scurso político, nem sempre acompanhada
por conquistas consistentes em termos de resu
ltados. A garantia de esforços perenes nesse
sentido passa, quase que necessariamente, pelo
incremento nos investimentos em Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) no longo prazo, sejam eles de natureza pública ou privada.
Tal categoria de investimento, muitas vezes nã
o é atrativa por si só o suficiente, requerendo
alguma forma de intervenção pública, seja
por questões estratégicas ou puramente
econômicas. Uma das formas de indução privada amplamente utilizada pelos governos, em
todos os continentes, são os incentivos fiscai
s, além, obviamente, do financiamento direto à
inovação. Estudos da OECD
1
demonstram a efetividade dos incentivos fiscais em incrementar
os investimentos em P&D. Partindo desse quadr
o geral, o trabalho procura analisar de que
forma o setor de petróleo e gás natural brasileiro, um daqueles que tiveram segmentos alçados
à vanguarda tecnológica mundial nas duas últimas
décadas, tem sido afetado atualmente por
políticas públicas caracterizadas por dois grupos
de instrumentos legais: um de âmbito
nacional, qual seja o sistema de incentivos fi
scais sobre investimentos em P&D, e outro
setorial, que diz respeito ao financiamento governamental direto a esses investimentos.
Verificar-se-á que a política de incentivos fiscais que incide atualmente sobre o setor
proporciona uma redução do custo do seu P&D
em R$ 0,081 para cada R$ 1,00 investido, e
que o nível de participação pública direta nos
investimentos em P&D é da ordem de 12,57 %.
Tais resultados configuram uma situação de mu
ito conforto para o setor, apontando para a
garantia de que, no mínimo, não haverá falta de recursos públicos nem de incentivos fiscais
para que os investimentos em P&D necessários alcancem os resultados tecnológicos
demandados pelos seus principais objetivos de negócio, pelo menos para os próximos anos.