dc.description.abstract | A pretensa objetividade que deveria pautar, na visão de autores de orientação positivista, o processo decisório no ambiente organizacional, não resistiu à análise mais profunda, realizada nas últimas décadas, por meio de pesquisas e estudos empíricos, que originaram novas abordagens acerca do referido tema. O reduzido interesse que até a metade do século passado o assunto despertava se devia à visão economicista do processo de gestão nas organizações, que buscava obter o resultado ótimo no mercado perfeito. A ilusão da onisciência do decisor organizacional começou a ser desfeita na metade do século passado quando vários autores de destaque pesquisaram o processo decisório e edificaram as bases teóricas que apontaram para as limitações cognitivas de gestores organizacionais, tanto na etapa de coleta como na de processamento de informações que subsidiam a tomada de decisão. Uma série de pesquisas e estudos apontou a relevância da influência de variáveis, de natureza subjetiva, além de relações de poder e fatores políticos, entre outros, sobre o processo decisório, conduzido em diferentes níveis da estrutura organizacional. No entanto verifica-se que apenas um número reduzido de estudos foi realizado com o objetivo de desvelar as características cognitivas da respectiva racionalidade limitada em áreas técnicas, como a de pesquisa e desenvolvimento. Esta unidade organizacional é considerada central para a gestão da inovação e as decisões tomadas por seus gestores e técnicos podem influenciar, de forma relevante, a competitividade das organizações. Com base nesta constatação foi realizado o estudo de caso múltiplo, em duas organizações industriais, de base tecnológica, localizadas na região sul do Brasil, visando analisar o viés perceptivo e interpretativo dos profissionais da área de pesquisa e desenvolvimento, no tocante às decisões mais importantes desta unidade organizacional. As decisões referem-se a duas alternativas principais de realização das atividades na área de P&D, que são a execução interna ou contratação externa, sendo que cada uma destas opções representa diferenças importantes no conjunto de vantagens e desvantagens dos referidos modelos. Considerando-se a intenção de compreender o posicionamento dos técnicos e dos gestores no processo de avaliação de dados e informações para fundamentar a tomada de decisão na questão de realização interna ou contratação externa, optou-se pelo método de análise de narrativas. A referida análise evidenciou o vínculo entre a percepção seletiva e a racionalidade limitada, no processo de tomada de decisões nesta área específica. O autor entende que os resultados podem auxiliar na concepção de novas formas de gestão desta unidade organizacional. | |