Os Isntitutos de Pesquisa No Ano 2000
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Author
Adeodato de Souza Neto, José
Cavalcanti de Albuquerque, Lynaldo
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Show full item recordAbstract
Durante muitos anos a sociedade brasileira investiu na criação e fortalecimento de institutos de
pesquisa tecnológica, no convencimento de que este se constitui em importante instrumento de apoio ao
desenvolvimento tecnológico das empresas. Inicialmente, inspirados nas políticas protecionistas e de
substituição de importações, o objetivo a ser atingido era, principalmente, a nacionalização de tecnologia, em
contraponto a tecnologia de domínio estrangeiro. Era a época da independência tecnológica. Embora já
houvesse evidências da grande participação dos serviços como fator de competitividade das empresas, a
tecnologia era tida como a principal estratégia de competição. O conceito de "tecnologia" era essencialmente
vinculado a máquinas equipamentos, processos de fabricação e qualquer outra habilidade ligada ao "hardware"
da empresa.A partir de 1990, deu-se início à chamada inserção competitiva do Brasil na economia
mundial, havendo transformações profundas nas políticas públicas, especialmente naquelas que
dizem respeito ao modelo adotado para institutos de pesquisas tecnológicas. Entre as principais
mudanças de rumo, cita-se a redução da importância do critério de "nacionalização" da tecnologia,
sendo substituído por outros ligados à competitividade, qualidade etc. O destaque da fabricação dos
bens, como base da estratégia competitiva das empresas, cedeu lugar a outras capacidades tais como
canais de distribuição, marcas, serviços associados ao produto, habilidade de aprender junto ao
cliente e outras. Evidenciou-se com mais clareza o conceito de Capital Intelectual e de vantagens
competitivas, não necessariamente associadas a bens tangíveis. A produção de um bem não pode
mais ser encarada como a transformação física de matérias primas; é necessário incorporar-se neste
conceito as etapas que levam o produto ao seu uso final, envolvendo aí o conhecimento profundo
das necessidades do cliente. Proliferaram os negócios que não têm um produto físico como centro:
os exemplos mais evidentes são os serviços de telecomunicação multimídia e os "softwares". As
principais vantagens competitivas migraram da tecnologia de produção, estrito senso, para um
conceito mais ampliado de tecnologia (e de produção), que incorpora os serviços associados ao
produto e o seu uso pelo cliente.Ao mesmo tempo, os governos reagiram à crise fiscal reduzindo os
orçamentos públicos e exigindo dos institutos maior participação das receitas próprias, como
resultados da prestação de seus serviços e da cooperação com a clientela industrial. Essas
transformações foram muito abrangentes, representando um ambiente inteiramente diverso daquele
que predominava anteriormente. Decorrida quase uma década do início desse processo de abertura,
nada mais oportuno do que a realização de um estudo sobre as mudanças e adaptações
implementadas pelos institutos tecnológicos, em resposta a esses novos desafios, incluindo o
levantamento dos sucessos e insucessos experimentados, assim como a formulação de
recomendações possam ser extraídas da experiência vivida e aplicadas para os institutos no ano
2000.
O trabalho proposto deverá investigar as redefinições institucionais, reorganizações internas, novas capacitações adquiridas e desativadas, mudanças no perfil dos recursos humanos, novas formas de atuação,
entre outras variáveis, através do levantamento direto de dados.