Uma discussão sobre o processo de construção de indicadores compostos de inovação e seu uso pelos formuladores de política
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Author
Scarpa Beneli, Daniela
D. de Carvalho, Silvia Angélica
Tosi Furtado, André
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Os estudos sobre os indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) associam-se à busca pela compreensão da inovação de forma ampla. O processo de construção dos indicadores compostos exige decisões subjetivas relacionadas às escolhas metodológicas e teóricas que os fundamentam. Se por um lado, o processo contribui para a compreensão do fenômeno inovativo ao fomentar a discussão conceitual e capturar aspectos da inovação, por outro, há críticas sobre a natureza arbitrária das decisões relacionadas aos métodos estatísticos utilizados e a capacidade de representar a complexidade da inovação para fundamentar políticas. Assim, o objetivo desse artigo é discutir a construção dos indicadores de CT&I, ressaltando sua relevância como fomentador de discussões, numa abordagem sócio cognitiva. Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre os prós e contras da construção e da utilização dos indicadores, também foram analisados o Handbook on Constructing Composite Indicators, elaborado pela OCDE, e os relatórios do Innovation Union Scoreboard (IUS) e do Summary Innovation Index (SII). Os três documentos representam um esforço de padronização das técnicas de construção de Scoreboards e do IC, mas apesar dos avanços metodológicos, constatam a impossibilidade de se mensurar por completo a inovação, constituída, sobretudo, por conhecimentos tácitos. A compilação desses indicadores num único índice aponta grupos de países com baixo desempenho inovativo, pressionando-os a desenvolver políticas de incentivo em determinadas dimensões da inovação. Manuais como o IUS levam os estudiosos de CT&I a avaliar os obstáculos à inovação em cada país, discutindo as concepções teóricas subjacentes e a subjetividade dos métodos estatísticos. Assim, o processo de discussão viabilizado torna-se tão importante quanto a ferramenta de decisão política a que os indicadores se propõem a constituir, e confirma que eles não podem ser a única ferramenta de tomada de decisão sobre questões tão complexas como a inovação.