A ti e o progresso técnico da desigualdade
Abstract
O
progresso técnico sempre esteve associado ao crescimento econ
ômico,
e a melhoras do bem
estar
de toda a sociedade. Desde os anos 80, no entanto, essa ligação se rompeu. De fato,
ainda que o progresso técnico não tenha cessado, ao contrário ele é cada vez mais intenso com
o espraiamento d
a TI
, a economia não retoma u
m crescimento robusto
, gerando desemprego e
ou degradação dos salários, e
recorrentes crises especulativas que implicam em níveis
crescentes de desigualdade social.
No presente artigo, após uma análise das limitações do referen
cial neo
-
shumpeteriano, bem
como do
mainstream
macroeconômico
para a co
mpreensão da crise da Grande Recessão
,
desenvolve
-
se,
a partir de
uma síntese das formulações originais de
S
c
humpeter, a hipótese
de
que o problema se encontra na própria natureza do paradigma tecnológico da
TI. E
sse
paradigma, ao contrário dos seus antecessore
s
, permite às empresas a obtenção de grandes
ganhos de produtividade sem a realização de grandes investimentos. Desta maneira, a busca
dos ganhos de produtividade
por parte dos empresários,
acaba não gerando
um crescimento
robusto, o que leva à trágica expansão do desemprego / degradação dos salários que,
simultaneamente
,
desacelera a economia real e potencializa a esfera financeira.
Tem
-
se dessa
maneira, nos termos recentemente propostos e constatados
–
mas n
ão adequadamente
explicados
–
por Thomas Pikety,
r
(a taxa de rentabilidade do capital) sistematicamente maior
que
g
(a taxa de crescimento da economia), o que provoca níveis crescentes de desigualdade,
que começam a por em cheque os fundamentos das socied
ades democráticas.
A conclusão do artigo é de que, com a TI não é mais possível pensar que o progresso técnico,
por si só, levará a um processo de equidade e inclusão. Assim, para manter
-
se o avanço do
progresso técnico preservando as sociedades democráti
cas, políticas fiscais compensatórias
necessitam ser desenvolvidas.