dc.description.abstract | A agropecuária brasileira ocupa posição de destaque mundial, nacional e regional frente à sua importância segurança alimentar e econômica. A expansão das diferentes atividades que formam as cadeias agroindustriais tem no desenvolvimento tecnológico, a partir da construção e manutenção de virtuoso sistema de inovação, a mudança sociotécnica como solução aos diversos obstáculos enfrentados pela produção agrícola tropical. As profundas transformações, iniciadas nos anos 1990 e intensificadas a partir da década de 2000, incorporaram novas técnicas de produção, estruturas de governança e formas de financiamento e comercialização com reflexos importantes nos sistemas de produção desde os insumos aplicados até às preferências dos consumidores (PORTILHO, 2009; BUAINAIN et al., 2013). Nesse processo, a intensificação do uso de tecnologias agroquímicas impulsionou a produtividade e ampliação da oferta de alimentos, porém aprofundou discussões sobre seus impactos no meio ambiente, como contaminação do solo, água, ar e perda da biodiversidade, assim como, a intoxicação dos produtores, presença de resíduos nos alimentos e alta nos custos de produção, expondo desafios tecnológicos na busca por práticas agrícolas mais sustentáveis (BETTIOL; MORANDI, 2009; SOUZA; MARUCCI, 2021). Nessa busca por soluções sustentáveis estão os bioinsumos para controle biológico; tecnologias promissoras que avançam em diferentes práticas de produção agrícola e países, com perspectivas de, em 2050, ocuparem 50% do mercado mundial de produtos fitossanitários (DAMALAS; KOUTROUBAS, 2018). Os bioinsumos para controle biológico são tecnologias trabalhadas por meio da interação entre organismos da natureza a partir da modificação do ambiente de cultivo ou da criação em massa de microrganismos, fungos, bactérias e vírus e, macrorganismos, como ácaros e insetos parasitoides, comercializados e aplicados nas lavouras. A viabilidade dessas tecnologias é permeada por atividades de pesquisa que envolve etapas de investigação desde a bioprospecção até o produto embalado e comercializado ao produtor (SOUZA; MARUCCI, 2021). Especificamente para os microrganismos, os principais agentes biológicos comercializados no Brasil e objeto de estudo deste artigo, a bioprospecção e a pesquisa de investigação das características e efeitos da interação desses organismos com a natureza e o ambiente de produção agrícola têm na sua condução a importante participação de centros públicos de pesquisa, construindo espaços para o desenvolvimento dos produtos comercializados pelas empresas. Essa interação evidencia os argumentos de Mazzucato (2014) na sua abordagem das estruturas do chamado Estado Empreendedor pautado no risco associado ao desenvolvimento tecnológico e o papel das ações públicas nesse ambiente. Sendo assim, quais caminhos são identificados no desenvolvimento tecnológico dos bioinsumos para controle biológico no Brasil? Quais interações são percebidas entre a atuação dos centros públicos de pesquisa e a comercialização? Para explorar as questões colocadas, este artigo tem por objetivo caracterizar a participação dos centros públicos de pesquisa agropecuária na construção do conhecimento em tecnologias biológicas voltadas ao controle biológico. Para tanto, está estruturado em cinco seções, incluindo, essa introdutória, que é seguida da discussão conceitual e da metodologia. Na quarta seção são discutidos os resultados, finalizando com as conclusões. | |