Capacitação tecnológica na indústria farmacêutica brasileira
Abstract
Este artigo apresenta um estudo do nível de competências tecnológicas de empresas
farmacêuticas nacionais com o objetivo de avaliar a sua capacitação tecnológica para absorver
a tecnologia externa de produção de medicamentos biológicos. A pesquisa coletou dados
primários através de entrevistas com 24 empresas farmacêuticas brasileiras, classificados em
três categorias: laboratórios farmacêuticos oficiais, laboratórios farmacêuticos privados e
empresas
startups
, que responderam a um questionário fechado sobre capacidades
tecnológicas e estratégias de aprendizado. Os dados foram analisados por estatística descritiva
de acordo com o tipo de organização, o nível de competência tecnológica (básico,
intermediário e avançado) e a natureza da competência tecnológica (operacional e inovativa).
Os resultados mostram que os laboratórios farmacêuticos privados possuem maior capacidade
de absorção da tecnologia externa, devido a sua experiência prévia com inovação incremental,
enquanto os laboratórios farmacêuticos oficiais carecem de competências tecnológicas no
âmbito da produção e da P&D, o que implica a necessidade de verdadeiros “saltos
tecnológicos” para que consigam atender às demandas do Ministério da Saúde. Já as
startups
se destacam pelo grau de novidade de suas inovações tecnológicas, mas carecem de ativos
complementares para explorar economicamente os resultados da sua P&D, sendo dependentes
da indústria local para lançamento de novos produtos no mercado. Com relação ao
aprendizado tecnológico, que depende de um posicionamento estratégico mais ativo das
empresas, a maioria das organizações se mostrou dependente das políticas públicas para
investir em capacitação tecnológica, focando estritamente na incorporação da tecnologia de
produção dos medicamentos, sem procurar avançar em inovações tecnológicas, com a
exceção de alguns laboratórios farmacêuticos privados.